Se antes de 2020 o desenvolvimento de doenças mentais relacionadas com o trabalho ganhava espaço no debate sobre segurança dos colaboradores, após a pandemia especialistas observam novos desdobramentos de quadros de ansiedade e depressão. Fala-se, inclusive, em variantes do quadro depressivo, como uma decorrência dos aspectos nocivos da pandemia.
O psiquiatra e psicanalista Juan David Nasio observou que seus pacientes estão ainda mais angustiados e deprimidos, devido à crise sanitária e às consequentes medidas restritivas. A constatação fez com que batizasse esse tipo de adoecimento pandêmico de “Depressão Covid”. Além do adormecimento das emoções, característica típica do estado depressivo, a ocasião inseriu a tristeza angustiada, ansiosa e também uma certa irritabilidade advinda das frustrações e das privações que as medidas para conter o vírus trouxeram para a rotina.
O horizonte de uma possível melhora para a crise sanitária se alonga a cada dia mais, o que torna o deprimido Covid cada vez mais irritável e cansado da espera por uma solução. Junto a isso, há uma recusa em aceitar a realidade de forma saudável e que auxilie a enfrentar o ambiente doloroso. De acordo com o psicanalista Lucas Liedke, um nível de alienação é necessário para encontrarmos o equilíbrio, mas esse alheamento não deve nos levar a comportamentos de risco e a uma atitude negacionista.
As inseguranças no trabalho e as pressões que envolvem qualquer área, qualquer carreira, se ampliam no contexto da pandemia. Neste momento, a oferta de um acompanhamento emocional é decisiva para evitar que os sintomas se tornem mais intensos, gerando quadros cada vez mais agudos. É preciso estabelecer a manutenção de um clima de confiança e que seja minimamente afetivo entre os colaboradores, ainda que a distância.
Vamos seguir juntos pelo mesmo propósito?
Palavras-chave: saúde mental; Covid-19, efeitos do Covid, pandemia
Comentários