O que um reality show pode ensinar sobre saúde mental? É possível disseminar informações sobre o adoecimento emocional e transtornos mentais em um programa voltado para o entretenimento?
Recentemente, tivemos duas oportunidades de acompanhar em programas, como o Big Brother Brasil #21 e A Fazenda, discussões voltadas para um dos temas que têm sido amplamente discutidos no Brasil e no mundo: a saúde mental e seus desafios em derrubar os estigmas e a falta de maior conhecimento acerca dos tratamentos existentes.
Nas primeiras semanas da edição do Big Brother Brasil, preconceitos e estigmas se tornaram alvos do programa, quando alguns foram rotulados de forma pejorativa como “desequilibrados”, “loucos” e encarados com descrédito. E não podemos aqui ignorar uma das reflexões proporcionadas; a de que participantes, como todos nós, vivem em uma sociedade em que a falta de informações e o preconceito acerca dos problemas mentais, muitas vezes, geram manifestações e posicionamentos claramente psicofóbicos. Ou seja, manifestações e posicionamentos que ajudam, ainda mais, a estigmatizar o adoecimento psíquico. É preciso olhar atentamente para isso e entender que o estigma vai além da doença. Ele atinge os indivíduos, as suas famílias, as instituições que os tratam, as medicações - por vezes necessárias - e os profissionais da saúde mental.
Combater o estigma passa necessariamente por compreender a importância dos cuidados para a saúde mental, e esse assunto também esteve presente no Big Brother Brasil pela fala de um dos participantes. A oportunidade de apoio psicológico semanal, ofertado pelo programa, adicionou valor à importância do investimento em saúde mental para o fortalecimento emocional e bem bem-estar dos indivíduos. Uma percepção que se alinha à ideia de prevenção de adoecimentos e a manutenção da saúde como um todo.
Na edição do programa A Fazenda, seus espectadores ouviram, alguns pela primeira vez, o termo Borderline, referente ao Transtorno de Personalidade Borderline, uma doença que atinge 1 em cada 100 pessoas. Entre elas, uma das participantes.
Representando parte da população que desconhece esse transtorno e seus problemas, os participantes chegaram a questionar se a colega não estaria utilizando a doença como “estratégia de jogo”. Outros faziam comentários sobre os remédios que a participante tomava, chamando-a de “louca”. Do lado de fora da casa, muitos profissionais de saúde mental se dedicaram a explicar sobre a doença, ampliando a discussão e a informação, com isso, muitas pessoas puderam ter noções básicas de que o Transtorno Bordeline é caracterizado por um padrão de instabilidade nos relacionamentos interpessoais, na autoimagem e nos afetos, além de uma acentuada impulsividade. Também aparece muitas vezes associado a quadros de drogadição, alcoolismo e violência. Mas a boa notícia é que há tratamentos especializados.
O reality show, apesar de apresentar um tema tão delicado e rodeado de preconceitos, os episódios surgiram, também, para ajudar a população a desmistificar ideias equivocadas em relação àqueles que possuem algum tipo de transtorno e a obter outra visão sobre como os cuidados emocionais e mentais podem ser significativos em diversos momentos e situações de vida de todos nós.
E esse é um de muitos passos que precisamos dar em direção a ao combate contra a psicofobia. Exatamente o que o mundo precisa nesse momento. Você concorda? Queremos saber sua opinião! Escreva nos comentários!
Palavras-chave: saúde mental; BBB, borderline, reality show
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