Mais um setembro amarelo chegou. E com ele, o destaque para um assunto ainda tabu e, não raras vezes, evitado ou silenciado nas rodas de conversas entre os amigos, nos espaços de trabalho, nos ambientes sociais e nas histórias das famílias daqueles que perderam um ente querido pelo suicídio. Um silêncio em vão, pois não dar voz ao suicídio não ajuda. Pelo contrário. O estigma permanece, milhares de vidas não são salvas e inúmeras pessoas impactadas por essa morte sofrem com o desamparo e com a dor de terem sido deixadas para trás para lidar com esse tipo de perda devastadora.
Evidentemente, não é fácil conversar sobre o assunto. Mas não é difícil você fazer uma pausa para pensar em uma importante relação: quando não se conversa sobre este triste desenlace, uma falsa sensação, de que suicídios não acontecem ou que não aconteceram, pode ser favorecida. Claro que não se trata de minimizar ou naturalizar o suicídio e sim de colaborar com a conscientização de que tabus, estigmas, preconceitos e silêncios são aspectos que ofuscam uma problemática extremamente complexa e real.
Neste contexto, outro aspecto importante se refere aos números alarmantes, apesar da pouca divulgação. Mesmo sob o véu de silêncio colocado sobre o assunto, como negligenciar uma realidade em que as estimativas da Organização Mundial de Saúde mostram que a cada 40 segundos, uma pessoa no mundo tira a própria vida? Como não abordar um assunto tão delicado e urgente, visto que em nosso país são contabilizadas 32 mortes por suicídio a cada dia? Como manter silenciada uma morte considerada a mais dolorida para as famílias lidarem? Como subestimar que pelo menos 5 a 10 pessoas são atingidas pelo suicídio de alguém? Como não estarmos mais atentos e solidários as estimativas de que temos por ano, no Brasil, uma média 70 mil pessoas sofrendo pelo suicídio, sendo muitas delas, ainda crianças? Como não criar mais abertura para que o adoecimento psíquico seja visto e cuidado com menos preconceito e constrangimento?
Questões como essas, com certeza, mereciam - e merecem - ser foco de atenção há muito tempo. Perceber a urgente necessidade de abordar abertamente o assunto do suicídio é ajudar aqueles que se encontram em risco como aqueles que perderam um ente desta forma.
Abrace conosco essa causa! Estigma, preconceito e silêncio não salvam vidas. Mas sua voz pode fazer diferença.

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